Desde 2017, a pobreza multidimensional entre os jovens apresentou uma “redução significativa”. A pobreza extrema, por exemplo, caiu de 13,8 milhões (23,8%) para 9,8 milhões (18,8%). Um dos principais fatores para essa melhoria foi o aumento no acesso à renda, impulsionado por iniciativas governamentais como o Bolsa Família. Em 2017, 25,4% das crianças viviam em situação de privação de renda, enquanto em 2023 esse percentual foi reduzido para 19,1%. O programa ajudou 4 milhões de crianças a saírem da pobreza no último ano. Entretanto, o relatório também destaca uma deterioração no acesso a direitos em áreas cruciais, como educação e proteção contra o trabalho infantil. Em 2023, 30% das crianças de 8 anos não estavam alfabetizadas, um aumento alarmante em relação aos 14% registrados em 2019. O fechamento prolongado das escolas durante a pandemia contribuiu para o aumento das taxas de atraso escolar, que saltaram de 2% para 4,5% entre crianças de 9 anos.
As desigualdades regionais no Brasil são marcantes. Na zona rural, 95,3% das crianças enfrentam privações, enquanto na zona urbana esse índice é de 48,5%. Além disso, a situação de saneamento básico é crítica, com 91,8% das crianças na zona rural sem acesso a esse serviço essencial e 21,2% sem água potável. As disparidades raciais também são evidentes, com crianças negras apresentando taxas de privação mais elevadas, atingindo 63,6%, em comparação com 45,2% entre crianças brancas.